Prostituição, O Outro Lado De Santo Amaro

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   Santo Amaro é do século XVI.  Cresceu com a chegada de imigrantes estrangeiros e pelas migrações internas. Pessoas oriundas de Minas Gerais e do Nordeste, escolheram Santo Amaro para residir e trabalhar na indústria que o impulsionou no século XIX. Na segunda metade do século XX a região contou com 496 indústrias, representou 90% da indústria farmacêutica da América Latina e foi um dos maiores colégios eleitorais de São Paulo.

     Essa industrialização suscitou ocupação desordenada do espaço desde a década de 1940, configurando uma região de contrastes socioeconômicos e problemas de infraestrutura. Atualmente abriga um grande número de nordestinas (os). O comércio de alimentos típicos, as “casas do norte”, como são conhecidas, o sotaque dominante das pessoas, a música nordestina, lembram as cidades do Nordeste do Brasil.
        A expansão e o desenvolvimento da região de Santo Amaro encontram-se registrados em livros, artigos de jornais e revistas. Essa história gera orgulho para as (os) cidadãs (aos), mas onde há grande concentração da população há também diferentes categorias de pessoas, de distintas classes sociais, que nem sempre aparecem nos registros históricos, embora façam parte do contexto, entre estas estão as mulheres que praticam a prostituição que o parece ter sido invisibilizadas nessa história.    

Nas proximidades do Largo Treze de Maio pode-se contar mais 20 (vinte) locais onde acontece a prostituição, sobretudo feminina. Está presente em ruas, praças, boates, (estabelecimentos de prostituição de funcionamento noturno) privês, (estabelecimentos que funcionam somente durante o dia) e boates-privês, (estabelecimentos que funcionam 24h).

Durante todo o dia a região central de Santo Amaro exibe forte movimento de pessoas nas ruas anunciando produtos, serviços, exibindo suas produções artísticas como música e mágica, dentre outros, gerando assim intenso ruído e aglomeração. Em meio a tudo isso a prostituição pode passar despercebida aos olhos de quem não conhece bem a região. Pessoas distribuem anúncios das casas de prostituição aos homens que por ali circulam. Adesivos anunciando nomes de mulheres são colados em telefones públicos e casas de prostituição exibem fachadas coloridas e iluminadas. De outro lado há casas de prostituição discretas na forma de apresentar suas fachadas.      
No meio da forte concentração de pessoas, por ser o local considerado o segundo ponto mais comercial da cidade de São Paulo, existe, abertamente, o comércio do sexo, que é mais facilmente percebido pelos homens consumidores, pelas mulheres que praticam a prostituição e pelos investidores em “negócio de sexo”. As pessoas que frequentam ou moram na região têm poucos conhecimentos sobre essa dinâmica que passa despercebida pelos registros históricos, mas não foge aos olhos da “indústria do sexo”.                                                                                       
                                                                                                                                 Lucia Alves

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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