A Rede Oblata Brasil realiza o Webinar “Escrevivência: memórias, escritas e resistências”, no dia 30 de novembro, às 19 horas, com transmissão pelo Youtube. Gestado pelo Projeto Força Feminina (Rede Oblata em Salvador), o evento visa refletir a partir das memórias afetivas, vivências e escritas que construíram a identidade e simbolizam a resistência de mulheres que estão na luta por justiça social, além de convidá-las a apresentar estratégias de sobrevivência que as trouxeram até aqui como referências nesta caminhada.
Este encontro faz parte das ações dos 21 dias ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. No Brasil, a campanha começa no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, antecipando e estendendo os 16 dias (25 de novembro a 10 de dezembro), trazendo a luta antirracista e reflexões sobre a dupla discriminação sofrida pela mulher negra na sociedade.
A Rede Oblata convida, provoca e pretende fazer memória, fazer história e ecoar a voz das mulheres negras, que são a maioria dentro do perfil das assistidas pelos seus projetos, que estão em contexto de prostituição e vulnerabilidade social.
Principais objetivos:
1. Refletir sobre a importância da escrita das vivências como estratégia de manutenção das memórias da população negra;
2. Rememorar o papel da escrita do cotidiano na construção da memória afetiva da identidade das mulheres negras;
3. Compartilhar a potência ancestral e transformadora das mulheres negras diante dos desafios impostos pelo patriarcado racista;
4. Discutir sobre o papel dos movimentos de mulheres negras no enfrentamento à violência contra as mulheres;
5. Reverberar os impactos da resistência dos movimentos de mulheres negras nas lutas sociais para um projeto humanitário de sociedade.
Dia da Consciência Negra
O Novembro Negro é marcado por um calendário emblemático de lutas e mobilizações pela afirmação do povo negro e em especial das mulheres negras, no combate ao racismo, à intolerância religiosa e garantia dos direitos. Ao longo de todo o mês, um conjunto de organizações da sociedade civil realizam diversas atividades, cujo ponto alto é o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
O dia 20 de novembro foi instituído como o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra” em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares, falecido neste mesmo dia, em 1695. A medida tem como base legal a Lei Federal 12.519/11, em atendimento à demanda histórica do movimento negro no Brasil, que elegeu a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no país.
Mobilização em tempos de pandemia
A Rede Oblata participa de mobilizações favorecendo a visibilidade do público assistido e das pautas sociais que
precisam ser projetadas. No Brasil, especialmente na Bahia, os 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher são 21 dias de campanha, a fim de focar no combate à violência contra as mulheres negras, incluindo enfrentamento ao racismo, Dia Internacional de Combate ao HIV e Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Em virtude do contexto da pandemia mundial de Covid-19, realidade que exige esforço conjunto entre movimentos sociais e instituições, as mobilizações ganharam força nas redes sociais. O Webinar “Escrevivência: memórias, escritas e resistências” compõe uma série de eventos que a Rede Oblata realiza dentro de seu projeto de Sensibilização Social, sempre com uma perspectiva de diálogo para a construção de um mundo melhor.
Como surgiu o termo ESCREVIVÊNCIA?
Em entrevista para a REVISTA PUCRS, Conceição Evaristo conta que, em sua dissertação de mestrado, fez um jogo de palavras entre escrever-viver-escrever-se vendo e escrever vendo-se, e foi daí que nasceu o temo Escrevivência.
“O termo tem como imagem fundante as africanas e suas descendentes escravizadas dentro de casa. Uma das funções delas era contar histórias para adormecer os meninos da casa-grande. A palavra das mães pretas e bás era domesticada, na medida em que tinham que usá-la para acalentar essas crianças. Hoje a escrevivência das mulheres negras não precisa mais disso. Nossas histórias e escritas se dão com o objetivo contrário: incomodar e acordar os da casa-grande. Não estamos aqui para ninar mais ninguém nem apaziguar as consciências.”
Trecho da entrevista “Esse lugar também é nosso”
Este será um espaço para reverenciar as memórias, os lugares nos quais vivemos e as pessoas com as quais construímos as nossas lutas diárias. Será espaço para celebrar as nossas referências, as mulheres que oportunizaram estarmos aqui vivas e combativas.Iracema Oliveira – Educadora Social
Força Feminina | Rede Oblata Salvador