Um Olhar sobre a Prostituição em Montevidéu (Uruguai)

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O Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor possui Projetos Sociais em vários países do mundo, incluindo Uruguai (Montevidéu), onde a prostituição é regulamentada, o Projeto Social em Montevidéu é conhecido como CasAbierta e existe há 20 anos,  conta com assessoria jurídica, psicológica e social inteiramente gratuita. Nesse Projeto são atendidas mulheres vitima de violência de gênero, violência domestica, por partes de seus companheiros, pais e familiares; o perfil dessas mulheres é carente e sem estudos, onde facilita sua entrada na prostituição.
No segundo semestre de 2014 a Noviça das Irmãs Oblatas e Educadora Social Priscilla Fernandes visitou o Projeto Social e nos conta como foi:

No período de seis meses tive a oportunidade de conhecer  um de nossos projetos, CasAbierta e as mulheres em situação de prostituição.  Em Montevidéu a prostituição é regulamentada, ou seja, a prostituição é reconhecida e regulada e a mulher que trabalha em situação de prostituição tem que estar cadastrada no Ministério de Saúde e Ministério do Interior, onde existe uma comissão encarregada do controle nas ruas e prostíbulos, caso a polícia, por exemplo, encontre uma  mulher que não esteja cadastrada ou que não esteja com seu carne de saúde em dia, ela fica presa!
O Projeto Social CasAbierta faz abordagens nos Hospitais nomeado como Profilax onde as mulheres atualizam o carnê de saúde, e para atualizar o carnê é necessário fazer exame de sangue uma vez por mês para detecção de doenças sexualmente transmissíveis.  A primeira vez que fui a um dos hospitais de Profilax fiz memória de nossas origens congregacionais, pois assim como Padre José Benito Serra (Fundador da Congragação das Irmãs Oblatas) no hospital São João Deus encontrou as mulheres em situação de prostituição nos “porões” do hospital e totalmente separada dos demais, assim também foi em um destes hospitais. As mulheres são atendidas literalmente no subsolo do hospital, onde guardam materiais que não servem mais, ali elas fazem exames de sangue e falam de suas necessidades para a enfermeira que leva até o médico, dificilmente elas têm contato com o médico. E assim como Padre Serra falou: “É doloroso ver esta situação e não fazer nada”; esse é o sentimento, d indignação, pois essas mulheres são dignas de serem atendidas como seres humanos, e até quando nós mulheres seremos “vitimas” desse sistema patriarcal e obrigadas a aceitar situações como essas?”
Analisando essa estrutura fica cada vez mais claro que a prostituição é uma das formas de expressão de violência de gênero, pois a mulher só tem deveres e o que seria um direito para a proteção dela passa a ser uma proteção para os homens; no exame que elas são obrigadas a fazer está ligado apenas a doenças sexualmente transmissíveis, mas sabemos que para trabalharmos bem todo o nosso corpo tem que estar bem, a saúde física e psicológica fazem parte das necessidades básicas de saúde.
Juntamente com elas vamos fazendo um caminho de empoderamento, para que elas possam olhar para a própria história e sentirem sujeitos, e tendo consciência de sua dignidade como seres humanos assim serão capazes de fazerem escolhas conscientes.

Por: Priscila Fernandes (Noviça das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor e Educadora Social do Projeto Antonia). 

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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