EXPLORAÇÃO SEXUAL: SÓ BASTA NOS LEMBRAR DO DIA 23 DE SETEMBRO?

Compartilhar
Na data 23 de setembro comemora-se o Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças.
Fonte: Internet
Essa data foi escolhida pelos países participantes da Conferência Mundial da Coalizão contra o Tráfico de Mulheres, que acontecera em Dhâka, Bangladesh em setembro de 1999, 86 anos depois da criação da Lei Palácios – que promulgara a Argentina no ano 1913, sendo a primeira Lei que pune o tráfico para exploração sexual de mulheres e crianças.
O objetivo dessa ação visou visibilizar,sensibilizar e divulgar a realidade do tráfico humano, para exploração sexual de mulheres e crianças.

Mas o que entendemos por exploração sexual? Já imaginamos e escutamos diferentes respostas de vocês leitores e leitoras deste blog.
Para provocar o debate queremos aproximar de vocês o que envolve o entendimento quanto à exploração sexual. Partimos desta pergunta: Prostituição e exploração sexual são a mesma coisa?
“A prostituição é uma profissão reconhecida na Classificação Brasileira das Ocupações (CBO), contudo não é regulamentada. Ou seja, para as pessoas maiores de 18 anosa prostituição pode ser uma escolha que não envolva exploração sexual nem outras violações de direitos, desde que o trabalho seja exercido seguindo normas e procedimentos que minimizam a vulnerabilidades da profissão. (…) Já a exploração sexual é a obtenção de lucro por meio da prostituição de outra pessoa. As características de trabalho forçado – como cerceamento da liberdade, servidão por dívida, retenção de documentos e ameaça – podem ou não estar presentes nesse caso, como vemos na reportagem “Libertações em boate: exploração sexual, dívidas e escravidão”, da Repórter Brasil, de dezembro de 2010, que mostra a situação de 20 mulheres e 04 homens obrigados a se prostituir. Eles não trabalhavam por livre e espontânea vontade, pois ficavam 24 horas a disposição para atender os clientes e recebiam os salários por fichas que eram trocadas por produtos superfaturados.” (http://goo.gl/QX7pTm)[1]
               
Nesta perspectiva falar de prostituição infantil, é um erro na utilização do termo.Além da compreensão dos termos que é muito importante para saber do que estamos falando, como cidadãos e cidadãs não podemos ficar indiferentes diante realidade existente de exploração sexual de mulheres e crianças. Sabendo que se está impondo há muito tempo e cresce, com formas sofisticadas de desumanização, um sistema pornográfico que violenta e mata não só os sonhos, senão as vidas das meninas como acontece, com as chamadas bonecas sexuais humanas que são procuradas por homens bilionários. Será que só tem a finalidade de satisfazer uma fantasia sexual com se fala corriqueiramente. O que está por trás destas aberrações? É bom pensar em causas múltiplas e estruturais acerca destas realidades.
Para concluir e completar nossa reflexão queremos trazer estes dados estatísticos: “Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é um dos países campeões do mundo, quanto ao tráfico de pessoas, sobretudo, mulheres, crianças e adolescentes para exploração sexual”. Estima-se que 700.000 mulheres e crianças passam pelas fronteiras do tráfico humano. É o país responsável pelos 15% das pessoas exportadas de América Latina para Europa.
 Qual seria hoje o nosso grito e nossa ação concreta diante dessa realidade? Podemo-nos conformar com só lembrar um dia que, existe a exploração sexual de mulheres e crianças?
Podemos constatar que esta realidade tem feições concretas. Embora existam somente dados aproximativos sobre o tráfico de pessoas em geral e, em particular quanto à exploração sexual de mulheres e crianças. Todos e todas no dia a dia nos deparamos com notícias nas mídias, com casos concretos em nossos bairros, em nossas famílias, nas escolas e nas diferentes entidades e instancias da sociedade civil, do poder público e de nossas igrejas.
Olhar para essa realidade e deixarmos tocar por ela, nos instiga e impulsiona a tomar a atitude e prestar atenção aos nossos próprios comportamentos, conceitos, preconceitos que às vezes sem consciência ou muito pouca, pode reforçar um sistema de exploração sexual dos corpos das mulheres, sejam crianças, adolescentes ou adultas. E contribuir para sua reprodução.
Fonte: internet
Autora: Ir. Manuela Rodríguez Piñeres (Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor e da Rede Um grito pela Vida, no enfrentamento ao Tráfico de Pessoas)


[1] ESCRAVO NEM PENSAR, REPÓRTER BRASIL, Caderno tráfico de pessoas, mercado de gente, pág. 12.Leia Mais

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *