21 de Março – Dia Internacional pela eliminação da discriminação racial

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Como já dizia a Marcha das Mulheres Negras – 2015 
“Nossos passos vêm de Longe”
Fonte: Internet

A luta das mulheres negras pela sobrevivência e pelo direito vida, sempre existiu. Resistimos desde do sequestro de África, nos navios negreiros, vendo nascer nossos filhos e serem jogados ao mar.  Ainda hoje, muitas das reivindicações são as mesmas. Lutamos pela sobrevivência e direito a vida, lutamos por uma educação que nos reconheça e pela implantação efetiva da lei 10.639/2013[1], pelo direito a saúde, pelos espaços de representações políticas; lutamos contra o racismo, o sexismo, a discriminação e o preconceito. Estamos vivendo em tempo de conflitos; em tempo de risco de mais retrocesso e perda de direitos já conquistados. Tivemos avanços sim, mas numa escala mínima, muito pequena. Muitas mulheres negras foram para as universidades e se dedicaram as pesquisas em políticas de promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo. Mas na ponta, na periferia as mulheres negras continuam passando por todas as mazelas causadas pelo racismo e desigualdades e continuam morrendo por violência.

O Mapa da violência 2015[2]– homicídios de mulheres no Brasil, aponta que entre 2003 e 2013 as taxas de homicídios de mulheres brancas caíram de 3,6 para cada 100 mil – essa queda representa 11,9%; enquanto as taxas entre as mulheres negras cresceram de 4,5 para 5,4 para cada 100 mil, isso representa um aumento de 19,5%. Isso significa que a porcentagem de vítimas negras, que era de 22,9% em 2003, cresce para 66,7% em 2013. Isso só afirma que infelizmente as Políticas Públicas não estão atingindo as mulheres negras. Somos atingidas pelo racismo, machismo e pela pobreza, que só nos coloca em um lugar maior de vulnerabilidade. Precisamos de fato, do debate amplo do racismo, do debate geral que atinge a estrutura do racismo, que incluam no debate toda a sociedade. Precisamos de fato, enfrentar o racismo e o racismo institucional e ter como eixo central para todas as políticas o enfrentamento do racismo.
Então, falar de posicionamento atual da mulher negra frente a eliminação da discriminação racial, ainda temos muito por avançar. Temos muito ainda para percorrer, precisamos ainda de muitas marchas das mulheres negras, precisamos ainda de muitos enfrentamentos para realmente termos uma mudança efetiva e acesso aos direitos.  

Por: Marisa Araujo Silva
Graduada em Serviço Social pela Universidade Santo Amaro –  Assistente Social. 
Militante do Movimento Negro e de Mulheres Negras.
Moradora do Município de Embu das Artes, São Paulo. 


[1]Lei 10.639/2013 – Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
[2] vivario.org.br/negras-sao-as-maiores-vitimas-de-violencia/

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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