Do Paquistão ao Brasil: Como Malala Yousafzai quer garantir acesso à educação de qualidade para meninas

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Ativista paquistanesa, que também é a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, veio ao Brasil para falar sobre empoderamento: “Meu pai foi um homem que quebrou barreiras por me deixar estudar.”

Uma menina com uma caneta na mão está imbuída do poder de mudar o mundo. Por meio da leitura e da escrita, ela pode contar a própria história e elevar sua voz. Mas não é tão simples quanto parece. Só no Brasil, cerca de 1,5 milhão de meninas não têm acesso à educação básica — e, assim, não podem falar por si mesmas. “O empoderamento feminino vem da educação, tem a ver com emancipação”, afirmou a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, de 20 anos, na tarde desta segunda-feira (9), em palestra que marca sua primeira visita ao Brasil.
O evento, direcionado a estudantes de escolas públicas de todo o Brasil e a organizações que trabalham com educação, lotou o Auditório Ibirapuera, que comporta cerca de 800 pessoas. Em sua fala de abertura, Malala agradeceu a hospitalidade brasileira, e trouxe dados que justificaram sua visita ao País, e que expõem uma realidade vivida por meninas em todo o mundo — e que ela luta para mudar.
“Trata-se não só de aumentar o conhecimento das mulheres, mas também crescer economias, fortalecer democracias e dar estabilidade aos países. A educação é o melhor investimento sustentável a longo prazo”.


“Recebi muitas cartas de apoio e mensagens do Brasil, pedindo que eu um dia viesse aqui. Este país tem uma grande energia que emana dos jovens, e minha esperança é encontrarmos maneiras de todas as meninas daqui terem acesso à educação, sobretudo de comunidades afrodescendentes e indígenas”, afirmou.
Segundo levantamento do Atlas de Desigualdade de Gênero na Educação, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), quase 16 milhões de meninas do mundo todod, entre 6 e 11 anos, nunca irão à escola. O número é duas vezes maior que o de meninos. Entre eles, no mundo, 8 milhões nunca frequentarão as salas de aula.

Existem 1,5 milhão de meninas sem acesso à escola no Brasil. Quero encontrar meios para mudar isso”, disse. E continua: “Trabalhando junto com os defensores da educação, com a intenção de devolver às pessoas a esperança de se sentirem seguras, de que vão receber um ensino de alta qualidade”.
Além dos dados alarmantes, outra razão que trouxe Malala ao Brasil foi a força das organizações locais para alcançar melhorias na educação, para além de políticas públicas. Além de demonstrar interesse em promover educação entre as comunidades menos favorecidas, ela anunciou que nos próximos dias serão divulgados projetos do Fundo Malala no Brasil. 
Muito mais do que saber ler e escrever, para Malala a educação é uma ferramenta poderosa de transformação do mundo — que alguns ainda enxergam como ameaça. “Eu também fui privada de educação quando o Talibã proibiu meninas de estudarem. Fui um alvo porque eles entenderam que o empoderamento feminino vinha da educação, que tem a ver com emancipação”, disse. “Trata-se não só de aumentar o conhecimento das mulheres, mas também crescer economias, fortalecer democracias e dar estabilidade aos países. A educação é o melhor investimento sustentável a longo prazo”.
Ela compartilhou uma situação em que uma colega da escola chegou atrasada para aula. A garota tinha de esperar os pais saírem de casa e, assim, sair para estudar escondida. “O papel dos pais e das mães é fundamental no empoderamento feminino”, disse. “É importante que as mulheres se expressem. As mulheres têm que quebrar essas barreiras”, completou.
A paquistanesa lembrou que, quando era uma aluna em seu país, outras colegas de sua classe também defendiam a educação feminina assim como ela, mas em segredo. “A diferença é que os meus pais nunca me impediram de falar o que eu pensava”.
Fonte: huffpost 

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As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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