Outubro Rosa, quem ama cuida!

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Outubro ficou conhecido mundialmente como o mês da campanha de conscientização para a prevenção e controle do câncer de mama. O Outubro Rosa, foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e tem como objetivo compartilhar informações, promover a conscientização, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico, tratamento e contribuir para a redução da mortalidade, pois o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, entre as medidas que contribuem para prevenir o câncer de mama estão a adoção de comportamentos protetores, como seguir uma alimentação saudável, praticar atividades físicas com regularidade, evitar bebidas alcoólicas e manter o peso adequado. Mas, essas recomendações não são acessíveis para todas e todos, sobretudo quando são mulheres, pretas, pobres, moradoras de periferias, trabalhadoras informais, e/ou em contexto de prostituição, que exercem suas atividades em locais como praças, ruas, privês e boates, que em sua maioria são insalubres, favorecem a má alimentação e o consumo excessivo de álcool e outras drogas e em alguns locais são induzidas a consumirem bebidas alcóolicas com os clientes durante o expedientes para ganhar uma comissão além do programa.

Durante o ano todo, o Projeto Antonia reflete com as mulheres sobre a temática da saúde em geral, mas em outubro com o foco na prevenção do câncer de mama, falamos sobre a importância e a prática dos exames de rotina e consultas médicas. Percebemos que as demandas de saúde apresentadas pelas mulheres que exercem a prostituição na região de Santo Amaro, São Paulo, são em sua maioria para tratar problemas que já estão em um estágio avançado, que a prevenção, exames de rotina, não são uma prática recorrente, salvo algumas exceções, e acreditamos ser pelos seguintes motivos:

Primeiro, na maioria dos casos elas são as provedoras do lar, ou seja, se ausentar do trabalho significa diminuição dos recursos, então só se ausentam em casos de extrema necessidade; Segundo, existe um receio em tratar questões relacionadas e/ou vinculadas à sexualidade (incluindo o cuidado com as mamas), outro motivo é que as mulheres evitam fazer consulta nas UBS’s dos bairros ondem moram, pelo fato do  preconceito e estigma que sofrem, mas também  pelo medo de serem descobertas ou reconhecidas por alguém. E acabam não fazendo os exames de rotina.

Em parceria com as unidades de saúde e prevenção de Santo Amaro, o Projeto Antonia Conseguiu com que as mulheres através de encaminhamento, sejam atendimento por todas as especialidades que aquela unidade oferece. Entre elas estão a Unidade Básica de Saúde – UBS, Serviço de Atendimento Especializado – SAE DST/AIDS e Centro de testagem e Aconselhamento – CTA. 

Vemos como muito importante trazer essa consciência de prevenção e auto cuidado que inclui uma alimentação mais saudável, de acordo com a realidade econômica e recursos de cada mulher. Para isso, apoiamos as campanhas realizadas por parceiros, incentivamos todas as mulheres atendidas a realizarem o autoexame e as mulheres com 40 anos ou mais a realizarem mamografia.

Devido ao período de Pandemia, neste ano, as orientações e informações relacionadas à campanha do Outubro Rosa, estão sendo encaminhadas via whatsapp para as mulheres que tem acesso à este recurso. Caso a mulher perceba alguma anormalidade, são orientandas a procurar a unidade básica de saúde referência em seu bairro.  E se houver necessidade, agendamos atendimento na sede do Projeto Antonia, para a realização de encaminhamentos.

Apoiamos esta causa, pois faz parte do autoconhecimento, autocuidado da mulher e pode salvar vidas!

Texto de Aline Rissardi
Coordenadora do Projeto Antonia

Imagem de Marijana1 por Pixabay

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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